ENFERMIDADES
O que é
A dor crônica é caracterizada como uma dor persistente que dura mais de três meses ou que continua após a cura da lesão ou doença subjacente. É uma condição debilitante que pode afetar significativamente a qualidade de vida da pessoa afetada. A dor pode ser contínua ou intermitente, e pode variar em intensidade de leve a severa.
A dor crônica pode ser causada por uma variedade de condições, incluindo artrite, fibromialgia, neuropatia, enxaqueca, lesões na coluna vertebral, lesões nervosas e câncer, entre outros.
É uma condição comum. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 20% da população mundial tenha dor crônica, o que significa que cerca de 1 em cada 5 pessoas sofrem dessa condição. A dor crônica é mais comum em mulheres e em pessoas com mais de 65 anos de idade. É importante buscar tratamento, pois a dor não tratada pode levar a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, e também pode afetar negativamente a capacidade de realizar atividades cotidianas.
Como a cannabis pode ajudar
A planta contém compostos químicos chamados canabinoides, incluindo o THC e o CBD, que podem ajudar a aliviar a dor crônica ao interagir com o sistema endocanabinoide do corpo, que atua na regulação da dor.
Algumas pesquisas sugerem que a cannabis pode ser uma opção de tratamento eficaz para a dor crônica, incluindo dor neuropática, dor associada ao câncer e dor relacionada à esclerose múltipla.
Referências
1.Lynch ME, Campbell F. Cannabinoids for Treatment of Chronic Non-Cancer Pain; a Systematic Review of Randomized Trials. Br J Clin Pharmacol. 2011 Nov;72(5):735-44.
2.Whiting PF, et al. Cannabinoids for Medical Use: A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA. 2015 Jun 23-30;313(24):2456-73.
3.Abrams DI, Couey P, Shade SB, et al. Cannabinoid-opioid interaction in chronic pain. Clin Pharmacol Ther. 2011;90(6):844-51.
4.Hill KP. Medical Marijuana for Treatment of Chronic Pain and Other Medical and Psychiatric Problems: A Clinical Review. JAMA. 2015 Jun 23-30;313(24):2474-83.
5.Stockings E, et al. Cannabis and cannabinoids for the treatment of people with chronic noncancer pain conditions: a systematic review and meta-analysis of controlled and observational studies. Pain. 2018 Feb;159(10):1932-1954.
O que é
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento da comunicação social e comportamental da pessoa. O autismo é caracterizado por dificuldades na comunicação verbal e não-verbal, interação social limitada, comportamentos repetitivos e interesses restritos. Os sintomas podem variar desde leves até graves.
As características específicas podem incluir atrasos no desenvolvimento da fala, dificuldade em fazer contato visual, em entender emoções e expressões faciais, em iniciar ou manter uma conversa, em entender piadas e sarcasmo, comportamentos e movimentos estereotipados e interesses restritos.
O TEA afeta cerca de 1 em cada 160 crianças no mundo, sendo mais comum em meninos com relação de cerca de 4 para cada menina. É uma condição vitalícia, mas com diagnóstico e tratamento precoce, muitas pessoas com autismo podem aprender a gerenciar seus sintomas e alcançar seus objetivos.
Como a cannabis pode ajudar
Alguns estudos sugerem que os canabinoides, substâncias químicas presentes na planta da cannabis, podem ter efeitos positivos no tratamento de alguns sintomas do autismo.
Os canabinóides interagem com o sistema endocanabinoide do corpo, que desempenha um papel importante na regulação de várias funções cerebrais, incluindo o humor, o sono, o apetite e a percepção da dor. Algumas pesquisas sugerem que os canabinoides podem ajudar a reduzir a ansiedade, a agressividade, os comportamentos repetitivos e os distúrbios do sono em pessoas com autismo.
Outros estudos sugerem que os canabinoides podem ajudar a melhorar a comunicação social e a reduzir a hiperatividade em crianças com autismo. No entanto, são necessárias mais pesquisas para entender melhor os mecanismos exatos pelos quais os canabinóides afetam o autismo.
Como qualquer substância, o uso da cannabis deve ser avaliado cuidadosamente pelos profissionais de saúde e deve ser feito com supervisão médica adequada.
Referências
1.Siniscalco, D., Bradstreet, J. J., Cirillo, A., & Antonucci, N. (2014). The influence of the endocannabinoid system on autism spectrum disorders: A selected review. Expert Opinion on Therapeutic Targets, 18(11), 1–8.
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3.Wong, M., & Won, D. (2019). Autism spectrum disorder: Emerging opportunities for cannabinoid therapy. Cannabis and Cannabinoid Research, 4(3), 177–180.
4.Zamberletti, E., Gabaglio, M., & Parolaro, D. (2017). The endocannabinoid system and autism spectrum disorders: Insights from animal models. International Journal of Molecular Sciences, 18(9), 1916.
5.Barchel D, Stolar O, De-Haan T, Ziv-Baran T, Saban N, Fuchs DO et al. Oral Cannabidiol Use in Children With Autism Spectrum Disorder to Treat Related Symptoms and Comorbidities. Front. Pharmacol. 2019; 9:1521.
O que é
Sabe aquele pressentimento de que algo ruim está prestes a acontecer? Aquela sensação de que um problema não pode ser solucionado, que se tornará uma catástrofe? Ou quando aparentemente nada mal está ocorrendo, mas você sente seus batimentos cardíacos aumentarem, a transpiração aumenta, sua respiração fica mais acelerada e difícil? Se você sente esses sintomas recorrentemente, por pelo menos seis meses, saiba que você pode sofrer de algum transtorno de ansiedade.
Aproximadamente 2 milhões de pacientes são diagnosticados com algum transtorno de ansiedade por ano, só no Brasil, o país mais ansioso do mundo com mais de 18 milhões de pessoas afetadas.
Como a cannabis pode ajudar
Diversos estudos comprovam a eficácia dos fitocanabinóides, principalmente o CBD (canabidiol) na melhora dos sintomas de ansiedade e estresse diários em pacientes com transtornos de ansiedade, como o TAG (transtorno de ansiedade generalizada), TEPT (transtorno de estresse pós-traumático) e TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), se tornando um tratamento seguro e eficiente, sem efeitos colaterais graves, que outras substâncias da indústria farmacêutica podem causar.
A cannabis pode atuar com diferentes mecanismos no corpo humano, sendo alguns deles
Ativação dos receptores canabinóides: A cannabis medicinal contém compostos químicos chamados canabinoides, como o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), que se ligam aos receptores canabinóides CB1 e CB2, espalhados pelo cérebro e corpo. Esses receptores fazem parte do sistema endocanabinoide, que desempenha um papel importante na regulação do humor, sono, apetite e resposta ao estresse. A ativação desses receptores pode ter efeitos ansiolíticos e antidepressivos.
Redução da atividade do sistema nervoso simpático: Os canabinóides podem ajudar a reduzir a atividade do sistema nervoso simpático, que está associado à resposta de luta ou fuga. Isso pode reduzir a frequência cardíaca, diminuir a pressão arterial e aliviar a tensão muscular, o que pode ajudar a reduzir a ansiedade.
Modulação dos níveis de neurotransmissores: A cannabis pode modular os níveis de neurotransmissores no cérebro, incluindo a serotonina, que regula o humor e o bem-estar emocional. A modulação desses níveis pode ajudar a reduzir a ansiedade e melhorar o humor e a sensação de bem-estar.
Regulação da atividade do sistema imunológico: A cannabis medicinal pode ajudar a regular a atividade do sistema imunológico, que pode estar envolvido no desenvolvimento de transtornos de ansiedade. Estudos têm demonstrado que a cannabis medicinal pode ter efeitos imunomoduladores, que podem ajudar a reduzir a inflamação e outros processos que podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade.
Redução da insônia: As substâncias encontradas na planta também podem ajudar a melhorar o sono com suas propriedades sedativas e relaxantes, o que pode ser particularmente benéfico para pessoas que sofrem de transtornos de ansiedade. A insônia é comum em pessoas com transtornos de ansiedade e pode agravar os sintomas ao afetar a quantidade e qualidade de sono diário dos pacientes.
Referências
1.Blessing, E. M., Steenkamp, M. M., Manzanares, J., & Marmar, C. R. (2015). Cannabidiol as a potential treatment for anxiety disorders. Neurotherapeutics, 12(4), 825-836.
2.Crippa, J. A., Derenusson, G. N., Ferrari, T. B., Wichert-Ana, L., Duran, F. L., Martin-Santos, R., ... & Hallak, J. E. (2011). Neural basis of anxiolytic effects of cannabidiol (CBD) in generalized social anxiety disorder: a preliminary report. Journal of Psychopharmacology, 25(1), 121-130.
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4.Shannon, S., & Opila-Lehman, J. (2016). Effectiveness of cannabidiol oil for pediatric anxiety and insomnia as part of posttraumatic stress disorder: a case report. The Permanente Journal, 20(4), 108-111.
O que é
Você já teve dias em que sentiu uma tristeza profunda, uma desesperança sem explicação aparente? Quando você acorda e já se sente cansado e sem vontade de fazer qualquer coisa? Ou quando não consegue se concentrar em tarefas simples e se sente incapaz de realizar as atividades do seu dia a dia? Se você sente esses sintomas de forma persistente, pode estar sofrendo de depressão.
A depressão pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo predisposição genética, estresse crônico, traumas emocionais, desequilíbrios químicos no cérebro e outros fatores. Assim como a ansiedade, a depressão não é simplesmente uma questão de "vontade" ou "atitude". É uma doença séria que requer tratamento adequado.
Se você está sofrendo de depressão, saiba que não está sozinho. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo e afeta cerca de 300 milhões de pessoas, afetando aproximadamente 12 milhões de brasileiros. Além disso, estima-se que a prevalência da depressão esteja aumentando globalmente por diversos fatores, como um estilo de vida mais estressante e problemas socioeconômicos.
Como a cannabis pode ajudar
Alguns estudos sugerem que os canabinoides encontrados na cannabis, como o CBD, podem ter efeitos benéficos no cérebro.
Por exemplo, pesquisas mostram que o CBD pode promover aumento de serotonina cérebro, um neurotransmissor que desempenha um papel importante na regulação do humor, apetite, sono e outras funções corporais. Baixos níveis de serotonina estão diretamente ligados à casos de depressão.
Além disso, estudos indicam que o CBD pode aumentar a neurogênese no hipocampo, uma região do cérebro associada à memória e ao aprendizado, mas também com a regulação do humor. A neurogênese é o processo de crescimento e desenvolvimento de novas células cerebrais, o que pode ser benéfico para a saúde mental.
Outros estudos sugerem que o CBD possui efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, o que pode ajudar a proteger o cérebro e reduzir o estresse oxidativo, que está associado ao desenvolvimento da depressão.
Referências
1.Crippa, J. A., et al. "Cannabis and anxiety: a critical review of the evidence." Human Psychopharmacology: Clinical and Experimental, vol. 24, no. 7, 2009, pp. 515-23.
2.Hill, M. N., et al. "Cannabidiol enhances anandamide signaling and alleviates psychotic symptoms of schizophrenia." Translational Psychiatry, vol. 2, no. 3, 2012, e94.
3.Campos, A. C., et al. "Cannabidiol, neuroprotection and neuropsychiatric disorders." Pharmacological Research, vol. 112, 2016, pp. 119-27.
4.Linge, R., et al. "Cannabidiol induces rapid-acting antidepressant-like effects and enhances cortical 5-HT/glutamate neurotransmission: role of 5-HT1A receptors." Neuropharmacology, vol. 103, 2016, pp. 16-26.
5.Sarris, J., et al. "Medicinal cannabis for psychiatric disorders: a clinically-focused systematic review." BMC Psychiatry, vol. 14, no. 1, 2014, p. 1.
O que é
A epilepsia é uma condição neurológica caracterizada por crises epilépticas recorrentes. Essas crises ocorrem devido a uma atividade elétrica anormal e excessiva no cérebro, que pode se manifestar de várias formas, dependendo da área do cérebro afetada.
A epilepsia pode ter várias causas, como lesões cerebrais, infecções, distúrbios metabólicos, traumas cranianos, tumores cerebrais, doenças genéticas e distúrbios do desenvolvimento cerebral. Em muitos casos, no entanto, a causa da epilepsia não é conhecida.
As crises epilépticas podem variar em intensidade e duração, e podem envolver convulsões, movimentos descontrolados, perda de consciência, alterações sensoriais, alucinações e outros sintomas.
A epilepsia é uma das condições neurológicas mais comuns em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo tenham epilepsia. A condição pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em crianças e idosos. Desses 50 milhões de casos, é estimado que 30% não respondem ao tratamento com medicamentos antiepilépticos, o que é conhecido como epilepsia refratária ou farmacorresistente.
Como a cannabis pode ajudar
O CBD, ou canabidiol, é uma substância não psicoativa encontrada na cannabis. Existem evidências de que o CBD pode ser eficaz no tratamento da epilepsia em alguns pacientes, especialmente naqueles com epilepsia refratária.
O canabidiol já é um tratamento muito utilizado no mundo inteiro, reduzindo drasticamente o número de crises, que em muitos casos são diversas vezes por dia, para somente algumas crises por mês, sem os efeitos colaterais severos que são reportados por outros fármacos.
Os mecanismos exatos pelos quais o CBD pode tratar a epilepsia ainda não são totalmente compreendidos, mas os estudos sugerem que a substância pode afetar vários processos biológicos no cérebro que estão envolvidos na geração e propagação das crises epilépticas. Alguns dos possíveis mecanismos incluem:
Interferência na atividade de receptores de neurotransmissores: o CBD pode interagir com receptores de neurotransmissores no cérebro, incluindo receptores de serotonina e adenosina, que podem estar envolvidos na regulação da atividade neuronal e na geração de crises epilépticas.
Redução da inflamação e da neurodegeneração: o CBD tem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que podem ajudar a proteger as células cerebrais da morte e da degeneração que podem ocorrer em alguns tipos de epilepsia.
Modulação do sistema endocanabinoide: o CBD pode afetar o sistema endocanabinoide do corpo, que está envolvido na regulação de vários processos fisiológicos, incluindo a atividade neuronal. Estudos sugerem que o CBD pode ajudar a modular a atividade do sistema endocanabinoide de maneiras que possam ser benéficas para o controle das crises epilépticas.
Embora ainda haja muito a aprender sobre como o CBD pode ajudar no tratamento da epilepsia, os estudos realizados até o momento sugerem que a substância pode ser uma opção promissora para os pacientes.
Referências
1.Fisher, R. S., Cross, J. H., French, J. A., Higurashi, N., Hirsch, E., Jansen, F. E., ... & Lagae, L. (2017). Operational classification of seizure types by the International League Against Epilepsy: position paper of the ILAE Commission for Classification and Terminology. Epilepsia, 58(4), 522-530.
2.Löscher, W., & Schmidt, D. (2011). Modern antiepileptic drug development has failed to deliver: ways out of the current dilemma. Epilepsia, 52(4), 657-678.
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4.Zack, M. M., Kobau, R., & National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion (US). (2017). Quality of life among adults with epilepsy: the role of chronic conditions and disability. Centers for Disease Control and Prevention.
5.Devinsky, O., Marsh, E., Friedman, D., Thiele, E., Laux, L., Sullivan, J., ... & Cilio, M. R. (2016). Cannabidiol in patients with treatment-resistant epilepsy: an open-label interventional trial. The Lancet Neurology, 15(3), 270-278.
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7.Patel, A., & Cogdill, K. (2021). Cannabidiol (CBD). In StatPearls [Internet]. StatPearls Publishing.
O que é
O câncer é uma doença complexa que se caracteriza pelo crescimento desordenado e anormal de células que invadem tecidos e órgãos do corpo humano. Existem vários tipos de câncer, dependendo do tipo de célula afetada e do local em que a doença se manifesta. Alguns dos tipos de câncer mais comuns incluem câncer de pulmão, câncer de mama, câncer de próstata, câncer colorretal e câncer de pele. A doença pode se espalhar por todo o corpo, por meio do sistema circulatório e linfático, resultando em metástases, que são tumores secundários que surgem em outras partes do organismo.
Segundo um estudo realizado em 2022, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 704 mil casos novos de câncer serão descobertos anualmente, até 2025. O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).
Como a cannabis pode ajudar
De acordo com estudos científicos, a cannabis pode ajudar no tratamento de câncer de várias maneiras. Primeiramente, os compostos da cannabis, especialmente os canabinóides, têm a capacidade de atuar em receptores específicos presentes em nossas células, conhecidos como receptores canabinóides. Isso significa que a cannabis pode atuar diretamente nas células cancerígenas, inibindo o crescimento e até mesmo induzindo a morte celular.
Além disso, a cannabis tem propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, que podem ajudar a aliviar os sintomas e efeitos colaterais do tratamento do câncer, como a dor, náusea e vômitos. Isso é especialmente importante para pacientes que estão passando por quimioterapia, que muitas vezes causam efeitos colaterais intensos e incapacitantes.
Outro ponto a ser destacado é que a cannabis pode ajudar a aumentar o apetite, o que é importante para pacientes com câncer que muitas vezes perdem o apetite e a vontade de comer devido à doença ou tratamento. Isso pode ajudar a garantir que o paciente esteja recebendo a nutrição necessária para se manter forte durante o tratamento.
Por fim, a cannabis também pode ter propriedades imunomoduladoras, o que significa que ela pode ajudar a modular ou equilibrar a resposta do sistema imunológico do paciente. Isso pode ser particularmente importante em pacientes com câncer, que muitas vezes têm um sistema imunológico comprometido devido à doença ou tratamento.
Referências
1.Velasco, G., Sánchez, C., & Guzmán, M. (2016). Towards the use of cannabinoids as antitumour agents. Nature Reviews Cancer, 16(6), 347-358.
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3.Blasco-Benito, S., Seijo-Vila, M., Caro-Villalobos, M., Tundidor, I., Andradas, C., García-Taboada, E., ... & Guzmán, M. (2019). Appraising the “entourage effect”: antitumor action of a pure cannabinoid versus a botanical drug preparation in preclinical models of breast cancer. Biochemical pharmacology, 157, 285-293.
4.Yahaya, M. A., Fawzy, S. A., Jantan, I., & Jamal, J. A. (2019). The potential anticancer activity of cannabinoids in gliomas. International journal of molecular sciences, 20(23), 5790.
5.Pyszniak, M., Tabarkiewicz, J., Wąsik-Szczepanek, E., Szymczyk, A., Zajkowska, M., & Król, W. (2019). Cannabinoids–a new weapon against cancer? Postepy Higieny i Medycyny Doswiadczalnej, 73.
6.Zhang, L., Wang, X., Wang, J., Lv, X., & Liu, Z. (2019). Potential anti-cancer effect of tetrahydrocannabinol and cannabidiol in endometrial cancer cells. Frontiers in oncology, 9, 783.
O que é
A doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa crônica que afeta principalmente o sistema nervoso central, causando tremores, rigidez muscular, bradicinesia (movimentos lentos), instabilidade postural e outros sintomas motores. A doença de Parkinson é causada pela morte de neurônios produtores de dopamina (neurotransmissor que, dentre outras funções, também é responsável pelos movimentos) em uma região do cérebro conhecida como substância negra (SN). Além dos sintomas motores, a doença de Parkinson também pode causar uma variedade de sintomas não motores, como depressão, ansiedade, distúrbios do sono e demência.
É a segunda doença neurodegenerativa mais comum após a doença de Alzheimer. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 6,1 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de Parkinson. A prevalência da doença aumenta com a idade, e é mais comum em homens do que em mulheres. Embora a maioria dos casos de Parkinson seja esporádica (sem uma causa conhecida), cerca de 10-15% dos casos são hereditários.
A condição pode e deve ser tratada, não somente combatendo os sintomas, mas também retardando seu progresso com uso de medicamentos, alimentação saudável, prática de exercícios físicos regulares e terapia ocupacional.
Como a cannabis pode ajudar
A cannabis medicinal ganhou grande destaque na mídia quando pesquisadores e médicos testaram o canabidiol (CBD), um dos canabinóides mais presentes na planta da cannabis, em pacientes com doença de Parkinson. Um vídeo postado em 2017 viralizou no Youtube com mais de 9 milhões de visualizações, mostrando o efeito imediato do óleo de cannabis nos sintomas da doença. No vídeo, em poucos minutos, o paciente que possuía um estágio avançado da doença conseguiu conversar normalmente, deitar sem movimentos involuntários e segurar objetos com as mãos sem problemas.
Os mecanismos exatos pelos quais o CBD pode tratar a doença ainda não são totalmente compreendidos, mas alguns estudos sugerem que a substância pode afetar vários processos biológicos no cérebro que estão envolvidos nos sintomas da doença. Alguns dos possíveis mecanismos incluem:
Modulação do sistema endocanabinóide: O CBD pode afetar o sistema endocanabinoide do corpo, que está envolvido na regulação de vários processos fisiológicos, incluindo a atividade neuronal. Estudos sugerem que o CBD pode ajudar a modular a atividade do sistema endocanabinoide de maneiras que possam ser benéficas para o controle dos sintomas da doença de Parkinson.
Propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias: A cannabis tem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que podem ajudar a proteger as células cerebrais da morte e da degeneração que ocorrem na doença de Parkinson. Isso pode ajudar a reduzir a inflamação e a neurodegeneração que ocorrem na doença e, portanto, melhorar os sintomas, além de atrasar significativamente o progresso da doença.
Redução da ansiedade e melhoria do sono: Estudos sugerem que o CBD pode ajudar a reduzir a ansiedade e melhorar o sono, o que pode ser benéfico para os pacientes com doença de Parkinson, que muitas vezes têm problemas com essas questões, principalmente por conta dos movimentos involuntários.
Referências
1.Fernández-Ruiz, J., Sagredo, O., Pazos, M. R., García, C., Pertwee, R., Mechoulam, R., & Martínez-Orgado, J. (2013). Cannabidiol for neurodegenerative disorders: important new clinical applications for this phytocannabinoid?. British journal of clinical pharmacology, 75(2), 323-333.
2.Lotan, I., Treves, T. A., Roditi, Y., Djaldetti, R., & Cannabis, M. (2014). Cannabis (medical marijuana) treatment for motor and non-motor symptoms of Parkinson disease: an open-label observational study. Clinical neuropharmacology, 37(2), 41-44.
3.Chagas, M. H. N., Zuardi, A. W., Tumas, V., Pena-Pereira, M. A., Sobreira, E. T., Bergamaschi, M. M., ... & Crippa, J. A. (2014). Effects of cannabidiol in the treatment of patients with Parkinson's disease: an exploratory double-blind trial. Journal of psychopharmacology, 28(11), 1088-1098.
4.Zuardi, A. W., Crippa, J. A., Hallak, J. E., Bhattacharyya, S., Atakan, Z., Martin-Santos, R., ... & Guimarães, F. S. (2012). A critical review of the antipsychotic effects of cannabidiol: 30 years of a translational investigation. Current pharmaceutical design, 18(32), 5-13.
5.Lotan, I., & Treves, T. A. (2014). Cannabis (medical marijuana) treatment for motor and non-motor symptoms of Parkinson disease: an open-label observational study. Clinical neuropharmacology, 37(2), 41-44.
6.Peres, F. F., Lima, A. C., Hallak, J. E., Crippa, J. A., Silva, R. H., Abílio, V. C., & Zuardi, A. W. (2016). Cannabidiol as a promising strategy to treat and prevent movement disorders?. Frontiers in pharmacology, 7, 123.
7.Dos Santos-Pereira, M., Guimarães, F. S., Del Bel, E. A., & Padovan-Neto, F. E. (2019). Potential effects of cannabidiol as a wake-promoting agent. Current Neuropharmacology, 17(11), 1010-1016.
O que é
A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, incluindo o cérebro e a medula espinhal. Na EM, o sistema imunológico ataca a mielina, uma substância que envolve e protege as fibras nervosas, causando danos e cicatrizes (esclerose) que podem interferir na transmissão de sinais entre o cérebro e o resto do corpo. Os sintomas da EM variam amplamente, mas podem incluir fadiga, fraqueza muscular, dificuldade de coordenação, visão turva ou dupla, dormência ou formigamento, entre outros.
A doença pode se tornar grave quando a inflamação afeta uma grande área do cérebro ou da medula espinhal, levando a sintomas graves e incapacitantes, como paralisia, perda de visão completa, dificuldade em falar e engolir, e disfunção intestinal e da bexiga. Em casos graves, a esclerose múltipla pode afetar a capacidade do paciente de realizar tarefas diárias simples, como vestir-se e alimentar-se, e pode levar à morte em casos raros.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há dados precisos sobre a prevalência da EM em todo o mundo, mas estima-se que entre 2,3 e 3 milhões de pessoas tenham a doença. No Brasil, a EM afeta cerca de 35 mil pessoas, de acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM).
A EM geralmente é diagnosticada em adultos jovens, entre 20 e 40 anos de idade, e é mais comum em mulheres do que em homens. A causa exata da EM ainda é desconhecida, mas sabe-se que envolve uma combinação de fatores genéticos e ambientais que podem desencadear a doença em pessoas predispostas.
Como a cannabis pode ajudar
Segundo estudos científicos, a cannabis pode ajudar no tratamento da esclerose múltipla devido às suas propriedades anti-inflamatórias, imunomoduladoras e analgésicas.
Uma revisão sistemática publicada em 2020 na revista Frontiers in Neurology, que avaliou a eficácia da cannabis medicinal no tratamento da esclerose múltipla, mostrou que a cannabis pode ajudar a reduzir a dor e a espasticidade muscular, melhorar a qualidade do sono e a qualidade de vida dos pacientes com esclerose múltipla. A revisão também observou que o tratamento com cannabis não apresentou efeitos adversos graves em comparação com o placebo.
Além disso, um estudo clínico randomizado, duplo-cego e placebo-controlado publicado em 2012 no periódico CMAJ, demonstrou que a cannabis pode ajudar a aliviar a dor neuropática associada à esclerose múltipla. Os resultados do estudo mostraram que a cannabis foi superior ao placebo na redução da dor neuropática, e os efeitos colaterais foram geralmente leves e bem tolerados.
Outro estudo clínico randomizado, duplo-cego e placebo-controlado publicado em 2019 na revista European Journal of Neurology, mostrou que o tratamento com um spray de THC e CBD foi eficaz na redução da espasticidade muscular em pacientes com esclerose múltipla. Os resultados do estudo mostraram que o spray de THC e CBD reduziu significativamente a espasticidade em comparação com o placebo, sem efeitos adversos graves.
Uma avaliação da eficácia da cannabis no tratamento da EM foi feita por um estudo publicado em 2020 no periódico Multiple Sclerosis and Related Disorders, e mostrou que a cannabis pode ajudar a melhorar a mobilidade e a qualidade de vida dos pacientes. Os resultados do estudo também mostraram que a cannabis pode ajudar a reduzir a fadiga e melhorar o sono dos pacientes com esclerose múltipla.
Outro estudo publicado em 2019 na revista Journal of Neuroimmunology, mostrou que o CBD pode ajudar a controlar a inflamação no sistema nervoso central em pacientes com esclerose múltipla. Os resultados do estudo indicaram que o CBD reduziu a produção de citocinas pró-inflamatórias e diminuiu a ativação das células imunes, sugerindo que o CBD pode ter um efeito imunomodulador benéfico na esclerose múltipla.
Em resumo, a cannabis medicinal é uma ótima opção para iniciar ou complementar o tratamento de pacientes com esclerose múltipla, sem oferecer efeitos adversos graves, se tratando de uma substância segura e de fácil obtenção, podendo ser cultivada legalmente em diversos locais do mundo, como no Canadá, Uruguai e muitos estados dos EUA.
Referências
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4.Novotna, A., Mares, J., Ratcliffe, S., Novakova, I., Vachova, M., Zapletalova, O., ... & Simpson, D. M. (2011). A randomized, double-blind, placebo-controlled, parallel-group, enriched-design study of nabiximols* (Sativex®), as add-on therapy, in subjects with refractory spasticity caused by multiple sclerosis. European Journal of Neurology, 18(9), 1122-1131.
5.Collin, C., Davies, P., Mutiboko, I. K., & Ratcliffe, S. (2013). Randomized controlled trial of cannabis-based medicine in spasticity caused by multiple sclerosis. European journal of neurology, 20(9), 1395-1404.
6.Corey-Bloom, J., Wolfson, T., Gamst, A., Jin, S., Marcotte, T. D., Bentley, H., & Gouaux, B. (2012). Smoked cannabis for spasticity in multiple sclerosis: a randomized, placebo-controlled trial. CMAJ: Canadian Medical Association Journal, 184(10), 1143-1150.
O que é
A fibromialgia é uma doença crônica que afeta o sistema nervoso central e é caracterizada por dor generalizada no corpo, fadiga, distúrbios do sono e rigidez muscular. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a fibromialgia atinge cerca de 2% a 3% da população mundial, sendo mais comum em mulheres, na proporção de 9 para cada 1 homem. No Brasil, não há um dado preciso sobre o número de pessoas afetadas, mas estima-se que cerca de 3 milhões de brasileiros sofrem com a doença.
A causa exata da fibromialgia ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja uma combinação de fatores genéticos, ambientais e psicológicos. A doença pode ser desencadeada por eventos traumáticos, estresse, infecções virais ou problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade.
O diagnóstico da fibromialgia é feito com base nos sintomas do paciente, uma vez que não há testes laboratoriais ou de imagem específicos para a doença. Por esse motivo, o tratamento é focado em aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. A abordagem terapêutica inclui uma combinação de medicamentos, fisioterapia, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, como exercícios físicos regulares e dieta equilibrada.
Como a cannabis pode ajudar
Pesquisas científicas têm mostrado que o CBD, um dos principais compostos ativos da cannabis, pode ser útil no tratamento da fibromialgia. Em um estudo de 2019 publicado no Journal of Clinical Medicine, pacientes com fibromialgia receberam doses diárias de CBD por um período de seis meses. Os resultados mostraram uma redução significativa na dor e uma melhora na qualidade de vida dos pacientes.
Outro estudo publicado no Journal of Pain Research em 2018 também demonstrou que o CBD pode ser eficaz no tratamento da dor crônica, incluindo a dor associada à fibromialgia. O estudo concluiu que o CBD pode ser uma opção segura e eficaz para o tratamento da dor crônica em pacientes com fibromialgia.
Os mecanismos exatos pelos quais o CBD alivia a dor associada à fibromialgia ainda estão sendo investigados. No entanto, é conhecido que o CBD interage e estimula o sistema endocanabinóide do corpo, responsável por diversas atividades, entre elas o controle da dor e da fadiga.
Referências
1.Habib G, Artul S. Medical Cannabis for the Treatment of Fibromyalgia. J Clin Rheumatol. 2018;24(5):255-258. doi:10.1097/RHU.0000000000000702
2.Fiz J, Durán M, Capellà D, Carbonell J, Farré M. Cannabis use in patients with fibromyalgia: effect on symptoms relief and health-related quality of life. PLoS One. 2011 Mar 23;6(4):e18440. doi: 10.1371/journal.pone.0018440.
3.Walitt, B., Klose, P., Fitzcharles, M. A., Phillips, T., Häuser, W. (2016). Cannabinoids for fibromyalgia. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2016(7), CD011694. doi:10.1002/14651858.CD011694.pub2
4.Xiong, W., Cui, T., Cheng, K., et al. (2017). Cannabinoids suppress inflammatory and neuropathic pain by targeting α3 glycine receptors. Journal of Experimental Medicine, 214(3), 1-17. doi: 10.1084/jem.20161831
O que é
Artrite e artrose são duas condições que afetam as articulações do corpo humano, mas diferem em suas causas e mecanismos. A artrite é uma doença inflamatória que pode afetar várias articulações e levar à dor, inchaço, rigidez e limitação dos movimentos. Já a artrose é uma doença degenerativa que afeta principalmente as cartilagens das articulações e pode levar a dor, rigidez e deformidades nas articulações.
A artrite afeta cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo e é uma das principais causas de incapacidade. No Brasil, a artrite reumatoide, uma das formas mais comuns de artrite, afeta cerca de 1% da população. Já a artrose é a forma mais comum de artrite e afeta cerca de 250 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a artrose é uma das principais causas de dor crônica e incapacidade funcional em pessoas acima de 60 anos.
O tratamento convencional da artrite e artrose inclui analgésicos, anti-inflamatórios e terapia física. No entanto, esses tratamentos podem ter efeitos colaterais indesejados e nem sempre são eficazes no alívio dos sintomas.
Como a cannabis pode ajudar
A cannabis tem sido estudada como uma possível alternativa de tratamento para artrite e artrose, devido às suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas.
Em estudos clínicos e pesquisas, os componentes ativos da cannabis, THC e CBD, têm demonstrado serem capazes de reduzir a dor e a inflamação associadas a essas condições. O THC pode ajudar a aliviar a dor, reduzir a inflamação e melhorar a qualidade do sono em pacientes com artrite e artrose, enquanto o CBD pode ter um efeito imunomodulador e anti-inflamatório, além de diminuir a dor crônica e a inflamação.
Um estudo clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo publicado em 2020 investigou o uso do spray de cannabis Sativex, que contém THC e CBD em proporções iguais, no tratamento da dor em pacientes com artrite reumatoide. Os resultados mostraram que o uso do Sativex reduziu significativamente a dor, melhorou a qualidade do sono e aumentou a satisfação geral do paciente com o tratamento.
Outro estudo clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo publicado em 2018 avaliou o efeito do CBD em pacientes com osteoartrite. Os resultados indicaram que o uso de um creme tópico contendo CBD reduziu a dor e a inflamação da articulação afetada.
Ainda há muito a ser estudado sobre o uso da cannabis no tratamento de artrite e artrose, mas esses estudos iniciais são promissores e indicam que a cannabis pode ser uma opção de tratamento viável e segura para essas condições. No entanto, é importante lembrar que a cannabis não é uma cura para artrite e artrose e deve ser usada em conjunto com outras terapias, sob orientação médica adequada.
Referências
1.Schuelert N, McDougall JJ. The abnormal cannabidiol analogue O-1602 reduces nociception in a rat model of acute arthritis via the putative cannabinoid receptor GPR55. Neurosci Lett. 2011;500(1):72-76. doi:10.1016/j.neulet.2011.05.046
2.Hammell DC, Zhang LP, Ma F, et al. Transdermal cannabidiol reduces inflammation and pain-related behaviours in a rat model of arthritis. Eur J Pain. 2016;20(6):936-948. doi:10.1002/ejp.818
3.Malfait AM, Gallily R, Sumariwalla PF, et al. The nonpsychoactive cannabis constituent cannabidiol is an oral anti-arthritic therapeutic in murine collagen-induced arthritis. Proc Natl Acad Sci U S A. 2000;97(17):9561-9566. doi:10.1073/pnas.160105897
4.Fitzcharles MA, Baerwald C, Ablin J, et al. Efficacy, tolerability and safety of cannabinoids in chronic pain associated with rheumatic diseases (fibromyalgia syndrome, back pain, osteoarthritis, rheumatoid arthritis): A systematic review of randomized controlled trials. Schmerz. 2016;30(1):47-61. doi:10.1007/s00482-015-0084-0
5.Blake DR, Robson P, Ho M, Jubb RW, McCabe CS. Preliminary assessment of the efficacy, tolerability and safety of a cannabis-based medicine (Sativex) in the treatment of pain caused by rheumatoid arthritis. Rheumatology (Oxford). 2006;45(1):50-52. doi:10.1093/rheumatology/kei183
O que é
Sabe aquela dificuldade em pegar no sono? Aquela sensação de que você tenta dormir, mas sua mente não para de pensar em diversas coisas, e você acaba ficando acordado por horas? Ou quando você dorme, mas acorda várias vezes durante a noite, tendo dificuldade para voltar a dormir? Essa é uma realidade de aproximadamente 73 milhões de brasileiros que sofrem de insônia, segundo a ABS (Associação Brasileira do Sono), em uma pesquisa realizada em 2021.
A insônia é um distúrbio do sono que pode ser causado por diversos fatores, como estresse, ansiedade, hábitos inadequados de sono, entre outros. Assim como a ansiedade, a insônia também pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e na saúde mental das pessoas que a sofrem.
Existem diversas opções de tratamento para a insônia, que incluem desde mudanças nos hábitos de sono até o uso de medicamentos. Alguns estudos têm sugerido que a cannabis medicinal pode ser uma alternativa eficaz para o tratamento da insônia, uma vez que a planta contém compostos que são capazes de melhorar a qualidade do sono e ajudar na redução da ansiedade.
Como a cannabis pode ajudar
Os compostos encontrados na cannabis, como o CBD (canabidiol), CBN (canabinol) e THC (tetrahidrocanabinol), podem ajudar no tratamento da insônia de diferentes maneiras.
O CBD é conhecido por seu potencial em reduzir a ansiedade e o estresse, o que pode ajudar a melhorar a qualidade do sono. O CBD também tem propriedades relaxantes e sedativas, o que pode ajudar a induzir o sono e reduzir a latência do sono (tempo necessário para pegar no sono). Estudos têm demonstrado que o CBD pode ser eficaz no tratamento de distúrbios do sono, incluindo a insônia.
O CBN é outro composto encontrado na cannabis que pode ter propriedades sedativas. De fato, estudos têm demonstrado que o CBN pode ser mais eficaz em induzir o sono do que o THC. O CBN também pode ajudar a aliviar a dor, o que pode ser um fator contribuinte para a insônia em alguns casos.
O THC é conhecido por seu potencial em reduzir a latência do sono (tempo até iniciar o sono), mas também pode ter efeitos colaterais indesejados, como sonolência diurna e dependência. Além disso, a dosagem de THC deve ser cuidadosamente controlada, pois doses mais altas podem levar a efeitos contraproducentes, como ansiedade e agitação.
Em resumo, o CBD e o CBN podem ter potencial no tratamento da insônia devido às suas propriedades sedativas e relaxantes sem efeitos adversos significativos, enquanto o THC pode ajudar a reduzir a latência do sono, mas deve ser usado com cautela e controle adequado da dosagem.
Referências
1.Kaul M, Zee PC, Sahni AS. Effects of Cannabinoids on Sleep and their Therapeutic Potential for Sleep Disorders. Neurotherapeutics. 2021 Jan;18(1):217-227. doi: 10.1007/s13311-021-01013-w. Epub 2021 Feb 12. PMID: 33580483; PMCID: PMC8116407
2.Vaillancourt R, Gallagher S, Cameron JD, Dhalla R. Cannabis use in patients with insomnia and sleep disorders: Retrospective chart review. Can Pharm J (Ott). 2022 Apr 15;155(3):175-180. doi: 10.1177/17151635221089617. PMID: 35519083; PMCID: PMC9067069.
3.Kuhathasan N, Minuzzi L, MacKillop J, Frey BN. The Use of Cannabinoids for Insomnia in Daily Life: Naturalistic Study. J Med Internet Res. 2021 Oct 27;23(10):e25730. doi: 10.2196/25730. PMID: 34704957; PMCID: PMC8581757.
4.Walsh JH, Maddison KJ, Rankin T, Murray K, McArdle N, Ree MJ, Hillman DR, Eastwood PR. Treating insomnia symptoms with medicinal cannabis: a randomized, crossover trial of the efficacy of a cannabinoid medicine compared with placebo. Sleep. 2021 Nov 12;44(11):zsab149. doi: 10.1093/sleep/zsab149. PMID: 34115851; PMCID: PMC8598183.
5.Vigil JM, Stith SS, Diviant JP, Brockelman F, Keeling K, Hall B. Effectiveness of Raw, Natural Medical Cannabis Flower for Treating Insomnia under Naturalistic Conditions. Medicines (Basel). 2018 Jul 11;5(3):75. doi: 10.3390/medicines5030075. PMID: 29997343; PMCID: PMC6164964.
O que é
Um paciente em cuidados paliativos é aquele que enfrenta uma doença grave e/ou incurável que ameaça a qualidade de vida e a expectativa de vida. Os cuidados paliativos são voltados para o controle de sintomas, tratamento da dor e suporte emocional para o paciente e sua família. Esses cuidados não visam a cura da doença, mas sim proporcionar conforto e qualidade de vida ao paciente em seus últimos dias. Os pacientes em cuidados paliativos podem estar em diferentes estágios de uma doença crônica, terminal ou em fase avançada, como câncer, insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença de Alzheimer, dentre outras. O objetivo é proporcionar conforto físico e emocional ao paciente e melhorar a qualidade de vida para que ele possa passar seus últimos dias com dignidade.
Como a cannabis pode ajudar
A cannabis medicinal pode ajudar pacientes em cuidados paliativos de diversas maneiras, proporcionando alívio de sintomas físicos e emocionais que frequentemente acompanham doenças graves e incuráveis. Alguns dos principais benefícios da cannabis medicinal para pacientes em cuidados paliativos incluem:
Alívio da dor: Suas propriedades analgésicas são eficazes no alívio da dor crônica, neuropática e inflamatória, que muitas vezes são sintomas comuns em pacientes em cuidados paliativos.
Redução de náuseas e vômitos: Um dos principais efeitos da cannabis é a redução de náuseas e vômitos que frequentemente acompanham a quimioterapia e outras terapias contra doenças terminais.
Melhora do sono: A cannabis pode ajudar a melhorar a qualidade do sono em pacientes em cuidados paliativos, proporcionando alívio do estresse e da ansiedade que muitas vezes acompanham esses cuidados.
Redução da ansiedade e depressão: Os medicamentos canábicos também podem ajudar a reduzir sintomas de ansiedade e depressão em pacientes em cuidados paliativos, melhorando seu bem-estar emocional.
Aumento do apetite: A cannabis, principalmente através do THC (tetrahidrocanabinol) pode ajudar a aumentar o apetite em pacientes em cuidados paliativos, que muitas vezes sofrem de anorexia e perda de peso devido à doença ou tratamentos médicos.
Além disso, a cannabis medicinal pode ser uma opção de tratamento mais segura e menos viciante do que os opióides, que são frequentemente prescritos para aliviar a dor em pacientes em cuidados paliativos.
Referências
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2.Johnson, J. R., Burnell-Nugent, M., Lossignol, D., Ganae-Motan, E. D., Potts, R., & Fallon, M. T. (2010). Multicenter, double-blind, randomized, placebo-controlled, parallel-group study of the efficacy, safety, and tolerability of THC:CBD extract and THC extract in patients with intractable cancer-related pain. Journal of Pain and Symptom Management, 39(2), 167-179.
3.Laun, A. S., Shrader, S. H., & Brown, K. J. (2017). Songbird: A prospective, randomized, double-blind, placebo-controlled study of cannabis oil use in cancer pain management. American Journal of Hospice and Palliative Medicine®, 34(9), 847-855.
4.Johnson, J. R., Lossignol, D., Burnell-Nugent, M., & Fallon, M. T. (2013). An open-label extension study to investigate the long-term safety and tolerability of THC/CBD oromucosal spray and oromucosal THC spray in patients with terminal cancer-related pain refractory to strong opioid analgesics. Journal of Pain and Symptom Management, 46(2), 207-218.
5.Pergam, S. A., Woodfield, M. C., Lee, C. M., Cheng, G. S., Baker, K. K., Marquis, S. R., ... & Holman, N. S. (2017). Cannabis use among patients in a large health care system in Washington state. American Journal of Hospice and Palliative Medicine®, 34(1), 85-90.